Sobre

Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável não se consegue com apenas um projeto grande – exige vários projetos grandes ao mesmo tempo. A infraestrutura verde aproveita o imenso potencial de diferentes países para transformar o modo como os recursos são utilizados. Através de abordagens inovadoras, os recursos podem ser utilizados abundantemente, os materiais de construção podem ser produzidos a nível interno em vez de importados mediante um custo elevado e até mesmo os fluxos de resíduos aparentemente consideráveis podem ser redirecionados para o desenvolvimento sustentável. 

Para maximizar este potencial, os países necessitam de ideias inovadoras e promotores dispostos a implementá-las em todo o continente africano. Os desafios de engenharia estão por todo o lado e o grupo de infraestruturas Satarem tem algumas boas ideias, conforme demonstrado em três projetos distintos. No Senegal, o promotor – detentor de diversas patentes nas tecnologias de produção de energia a partir de resíduos – encontra-se a trabalhar numa instalação avançada que irá gerar eletricidade através da absorção de fluxos de resíduos. A Mauritânia foi identificada como a localização para uma fábrica de cimento inédita alimentada por hidrogénio verde e peletes de biomassa. E no Zimbabué, um projeto visa complementar o fornecimento de combustível do país com bioetanol fabricado a partir da mandioca cultivada em terra degradada árida e remota. Cada um destes projetos possui o potencial de se tornar uma peça importante do mosaico de infraestruturas de energias renováveis do continente. 

O nosso apoio

O projeto de produção de energia a partir de resíduos em Diamniadio, Grand Dakar, Senegal, é o elo que uniu a Satarem e o GET.invest pela primeira vez em 2022. A empresa tinha planos para uma instalação que permitiria 1200 toneladas de resíduos municipais não triados por dia que operaria uma central elétrica de 20 MW para fornecer energia de carga de base à rede elétrica nacional. Embora a Satarem possua os conhecimentos e o acesso a tecnologias de ponta, existem poucos exemplos de tratamento de resíduos em África a essa escala ou nível de sofisticação. O projeto necessita de condições sólidas para a recolha de resíduos, logística, garantias do Estado, estudos ambientais e, naturalmente, do financiamento adequado. Através do Finance Catalyst do GET.invest, a empresa recebeu apoio na elaboração de um memorando informativo e modelo financeiro, reviu os acordos de fornecimento de resíduos e de aquisição de eletricidade e iniciou as apresentações a investidores. O GET.invest está também a prestar apoio à Satarem nas discussões com as autoridades nacionais que, em última instância, resultarão na viabilidade financeira de um projeto de parceria público–privada no âmbito das energias renováveis com o governo.  

Embora este projeto estivesse a avançar, a Satarem envolveu o GET.invest noutro plano de igual ambição: uma fábrica de clínquer para cimento verde no norte da Mauritânia com excelentes condições eólicas e solares. O clínquer é uma etapa intermédia no fabrico de cimento, uma mistura de calcário e minerais aquecidos num enorme forno. A Satarem prevê fornecer energia eólica a partir de um parque eólico de 100MW limítrofe existente com capacidade excedentária e energia solar para a produção de hidrogénio para a combustão do forno e o funcionamento da fábrica de cimento para reduzir a sua grande pegada de carbono. O Finance Catalyst do GET.invest apoiou a Satarem com um memorando informativo, documento de conceção do projeto e avaliação do impacto ambiental e social, e estabeleceu relações com investidores especialistas em energias renováveis para o financiamento do hidrogénio, da componente de energia renovável e da fábrica de cimento. O cimento será amplamente descarbonizado e estará parcialmente disponível para o mercado de construção local e regional e para exportação para a Europa a um custo competitivo. 

Entretanto, no Zimbabué, o GET.invest está a prestar consultoria à empresa noutro projeto complexo: um plano para desenvolver a produção de bioetanol em grande escala para mistura com gasolina local que contribui para a adaptação climática, o emprego em zonas rurais e a poupança de despesas com divisas. Simultaneamente à construção de uma refinaria, o projeto envolve o cultivo de mandioca em 16 000 ha de terreno degradado, não cultivado num país onde a plantação de raízes amiláceas não é comum. Para o efeito, a Satarem está a formar parcerias com organizações de investigação agrícola e um parceiro local para gerir a operação de cultivo. Sendo o mais potencial dos três projetos, o Finance Catalyst do GET.invest está ativamente envolvido na estruturação e aperfeiçoamento do memorando informativo do projeto, testando o mercado em termos de interesse e analisando o modelo financeiro. 

O resultado

A instalação de produção de energia a partir de resíduos no Senegal, que agora se encontra em fase de transição para uma parceria público-privada, suscitou manifestações de interesse por parte de financiadores de desenvolvimento apresentados pelo Finance Catalyst do GET.invest e prevê-se em breve a obtenção de condições de financiamento. O fornecimento de resíduos e o consumo de energia estão garantidos e o GET.invest associou o projeto a uma firma de advocacia internacional para a elaboração da documentação legal complexa. A instalação de produção de hidrogénio para cimento verde encontrou um co-investidor interessado e também está a trabalhar a ritmo acelerado para a obtenção de condições de financiamento com financiadores. 

 Com um volume total de investimento previsto de cerca de 590 milhões de euros, os três projetos visam potencializar e capacitar os países para que cumpram os seus objetivos de desenvolvimento e climáticos. A capacidade de engenharia da Satarem no tratamento de resíduos com tecnologia patenteada irá permitir que o Senegal transforme grandes quantidades de resíduos em eletricidade, sem emissões de dioxinas. A Mauritânia terá capacidade de produzir um milhão de toneladas de clínquer por ano utilizando a energia eólica inativa no momento e a nova energia solar, substituindo o cimento importado nos futuros investimentos em infraestruturas. O desenvolvimento da produção de etanol no Zimbabué com recurso à mandioca irá ajudar o país a atingir uma nova meta de 20% de mistura de etanol em toda a gasolina – uma componente essencial do seu plano de transição energética ao abrigo do Acordo de Paris – e irá criar também 700 postos de trabalho diretos e 2000 indiretos na agricultura e refinaria. Em conjunto, estes três projetos irão implementar unidades importantes de uma nova infraestrutura de energias renováveis. 

* Investimento visado por projeto: Zimbabué EUR 140m, Senegal EUR 25,5m, Mauritânia EUR 422m. 

Isenção de responsabilidade: Esta história foi actualizada pela última vez em abril de 2025..